Diferentemente do que muitos acreditam, a inteligência emocional não está diretamente relacionada com os conceitos de inteligência tradicionais, os quais estão associados ao QI de uma pessoa. Essa nova abordagem, que cada vez mais vem sendo introduzida no mercado de trabalho, possui relação direta com conceitos de inteligência que foram introduzidas pelo professor Howard Gardner, na Teoria das Inteligências Múltiplas. Segundo o projeto desenvolvido por Gardner, era possível identificar sete grupos de inteligências diferentes para o ser humano: Inteligência Linguística, Naturalista, Lógico-Matemática, Cinestésica, Espacial, Musical, Interpessoal e Intrapessoal.
Diante disso, a inteligência emocional (IE) pôde ser caracterizada pela combinação das inteligências interpessoal e intrapessoal, que se referem respectivamente à identificação de nossos próprios sentimentos (bom gerenciamento das emoções dentro de nós) e à gerência das emoções em relacionamentos com outras pessoas.
Apesar do conceito não ter sido introduzido por Daniel Goleman, considerado para muitos como o “pai da inteligência emocional”, o renomado psicólogo e jornalista foi responsável pela popularização do termo inteligência emocional. Para ele, se trata, então, da capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos, de gerir bem as emoções dentro de nós e de nos relacionarmos. Já para outros estudiosos, a IE se trata da habilidade de perceber, avaliar e expressar emoções com precisão, sabendo entender seus significados a fim promover o crescimento emocional e intelectual do indivíduo.
A importância no mercado e na formação de equipes de trabalho
Para muitas empresas, tinha-se como certo que a produtividade e competências técnicas de um profissional estavam intimamente relacionadas com o Quociente de Inteligência (QI). No entanto, com o passar dos tempo e com as novas demandas do mercado de trabalho, esse pensamento começou a ser alterado.
Apesar da grande importância do QI de um profissional para a execução de tarefas diárias, percebeu-se que altos níveis de Quociente Emocional (QE) estão associados a inúmeros benefícios pessoais e profissionais. Dessa forma, o QE passou a ser considerado como um bom “radar” para contratações em processos de recrutamento, uma vez que os candidatos selecionados com essas características possuíam habilidades que os destacavam positivamente dos demais.
Se quiser saber mais sobre quais serão as habilidades mais demandadas por profissionais do futuro, confira esse outro artigo da Penser!
Alguns dos pontos de destaque de profissionais que apresentam alto Quociente Emocional:
- Comunicação: os profissionais que possuem uma boa inteligência emocional conseguem se expressar, escutar e compreender problemas e conflitos de terceiros de melhor forma que os demais.
- Limites: os profissionais que desenvolvem a autoconsciência, têm a capacidade de, por meio das sensações, identificar e impor os próprios limites. Dessa forma, é possível evitar possíveis problemas profissionais, como a sobrecarga ou incapacidade de realizar tarefas.
- Poder de decisão: a inteligência emocional contribui na tomada de decisões importantes, visto que as emoções também são uma fonte de informação. Quando as conexões emocionais estão de certa forma desreguladas, é comum que profissionais tomem decisões erradas.
- Trabalho em equipe: nada é tão capaz de unir e gerar laços entre as pessoas quanto as emoções, que são universais. Portanto, a inteligência emocional é responsável por facilitar as relações interpessoais em uma equipe, aproximando os membros e garantindo uma execução mais harmônica do trabalho a ser realizado.
A inteligência emocional contribui para que as pessoas tenham a capacidade de discernir os sentimentos próprios e alheios, facilitando o entendimento das situações que poderiam prejudicar o desempenho ou clima organizacional. Exemplo disso, ocorre quando profissionais são afetados por determinada situação e apresentam alterações de humor, desencadeando um clima desconfortável e, muitas vezes, constrangedor para toda a equipe.
O controle das emoções dentro de uma equipe de trabalho pode ser fator crucial para o desenvolvimento profissional de todo o time. Destaca-se, por exemplo, os momentos de feedback que ocorrem no ambiente corporativo. Em situações em que os integrantes da equipe não sabem lidar com feedbacks negativos, os membros estão sujeitos a estagnação profissional por não saberem os pontos que ainda devem ser desenvolvidos.
A inteligência emocional e o desenvolvimento de novos líderes
Um bom líder pode ser definido como uma pessoa capaz de, por meio da sua liderança, conduzir um grupo de pessoas, constituindo uma equipe que gera resultados. Ele possui a habilidade de motivar e influenciar pessoas, de forma ética e positiva, de tal forma que elas contribuam com entusiasmo e motivação para alcançar os objetivos da equipe e da organização. O bom líder é aquele capaz de extrair o melhor de cada indivíduo, mantendo sua integridade, entusiasmo e, ao mesmo tempo, demonstrando firmeza nas decisões.
Cabe a ele o desenvolvimento de competências técnicas individuais, assim como o desenvolvimento de habilidades interpessoais e intrapessoais, uma vez que sua função está associada à gestão de pessoas para atingir os objetivos organizacionais de forma harmônica e eficaz. Para que isso seja possível, o líder deve ser capaz de desenvolver quatro diferentes domínios pertencentes à inteligência emocional:
- Autoconsciência: Envolve estar ciente de diferentes aspectos de si mesmo, incluindo traços, comportamentos e sentimentos.
- Autogestão: Gerir as emoções de maneira eficaz para que elas não interfiram negativamente no dia ou nas tarefas a serem executadas.
- Empatia: Compreender o que a outra pessoa está sentindo.
- Habilidade Social: Capacidade de agregar, e conduzir as pessoas na direção que o líder deseja.
Tendo domínio das habilidades sociais, um líder está mais propenso a se destacar como um profissional capaz de gerir uma equipe de forma eficaz. Verifica-se, portanto, que a inteligência emocional tem papel fundamental no desenvolvimento de profissionais e de novas lideranças.
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*Pedro Junqueira é especialista em pesquisa e análise de novos negócios da Penser, entusiasta do empreendedorismo e desenvolvimento de novos conhecimentos.