Ter controle sobre suas emoções, entender seus sentimentos e não transmitir para a equipe algo que não seja referente ao ambiente de trabalho é uma tarefa que deve ser constantemente treinada. Desenvolver suas habilidades em inteligência emocional é um fator essencial para alcançar seus objetivos e, principalmente, lugares de destaque e liderança.
Pensando nisso trouxemos para nossa coluna “Líder na Vida Real” desta semana o convidado Paulo Antônio Almeida, Psicólogo, Mestre em Administração, Coach e coordenador do MBA em Coaching e Inovação da PUC MINAS.
Qual a diferença entre QI e Inteligência emocional?
A diferença entre QI e Inteligência Emocional é que o QI (Quoeficiente de Inteligência) é uma índice quantitativo estabelecido por psicólogos para se definir as capacidades cognitivas, ou o quanto uma pessoa é inteligente do ponto de vista racional e lógico. A Inteligência Emocional é um conceito criado pelo Psicólogo Americano Daniel Goleman, em 1995, para definir a capacidade das pessoas de lidarem com as próprias emoções.
De acordo com Daniel Goleman e outros autores, o QI não seria suficiente para o diagnóstico sobre a inteligência, porque as emoções possuem um importante papel na capacidade humana para solucionar temas complexos envolvendo a racionalidade.
Como podemos conhecer melhor as nossas emoções?
De acordo com os autores, Daniel Goleman e Richard Davidson, o conhecimento das emoções é um processo de aprendizagem que envolve a nossa capacidade de identificar o que sentimos em determinados momentos. Daniel Goleman, ressalta que possuímos quatro emoções básicas – Amor, Ódio, Tristeza e Medo – as demais seriam ramificações dessas.
O primeiro passo para reconhecer as nossas emoções é buscar o autoconhecimento e a autopercepção dessas emoções básicas no momento em que elas ocorrem. É um treino constante de reconhecimento, e de elaboração em palavras sobre as nossas emoções.
Como reconhecer a nossa inteligência emocional no dia a dia?
A nossa inteligência emocional pode ser desenvolvida através dos seguintes princípios:
1. Conhecer as próprias emoções.
Autoconsciência — reconhecer um sentimento quando ele ocorre — é a pedra de toque da inteligência emocional.
2. Lidar com emoções.
Lidar com os sentimentos para que sejam apropriados é uma aptidão que se desenvolve na autoconsciência. A capacidade de confortar-se, de livrar-se da ansiedade, tristeza ou irritabilidade que incapacitam — e as conseqüências resultantes do fracasso nessa aptidão emocional básica. As pessoas que são fracas nessa aptidão vivem constantemente lutando contra sentimentos de desespero, enquanto outras se recuperam mais rapidamente dos reveses e perturbações da vida.
3. Colocar as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção, para a automotivação e o controle, e para a criatividade.
O autocontrole emocional — saber adiar a satisfação e conter a impulsividade — está por trás de qualquer tipo de realização. E a capacidade de entrar em estado de “fluxo” possibilita excepcionais desempenhos. As pessoas que têm
essa capacidade tendem a ser mais produtivas e eficazes em qualquer atividade que exerçam.
4. Reconhecer emoções nos outros.
A empatia, outra capacidade que se desenvolve na autoconsciência emocional, é a “aptidão pessoal” fundamental. As raízes da empatia, o quanto nos custa não saber “escutar” as emoções, e os motivos pelos quais a empatia gera altruísmo. As pessoas empáticas estão mais sintonizadas com os sutis sinais do mundo externo que indicam o que os outros precisam ou o que querem. Isso as torna bons profissionais no campo assistencial, no ensino, vendas e administração.
5. Lidar com relacionamentos.
A arte de se relacionar é, em grande parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. São as aptidões que determinam a popularidade, a liderança e a eficiência interpessoal. As pessoas excelentes nessas aptidões se dão bem em qualquer coisa que dependa de interagir tranquilamente com os outros; são estrelas sociais.
Situações de conflito e estresse aparecem a todo momento na rotina, qual dica você daria para que uma reação tempestiva não seja tomada?
Uma das metodologias eficazes para o controle emocional é o MINDFULNESS ou ATENÇÃO PLENA: A atenção plena consiste em observar sem criticar e em ser compassivo consigo mesmo.
Quando a infelicidade e o estresse ocupam sua cabeça, em vez de levá-los para o lado pessoal, você aprende a tratá-los como se fossem apenas nuvens negras e a observá-los com curiosidade enquanto se afastam. Em essência, a atenção plena permite que você capte os padrões dos pensamentos negativos antes que eles o lancem em uma espiral descendente.
Esse é o início do processo para retomar o controle de sua vida.
Como aperfeiçoar a nossa inteligência emocional?
O primeiro passo é identificar e reconhecer as emoções no momento que ocorrem, e em seguida desenvolver as habilidades de empatia, colocar-se no lugar do outro, e ter habilidades sociais adequadas.
Técnicas como mindfulness e meditação podem ajudar no controle das emoções? Isso faz parte do processo de inteligência emocional ou são complementos?
Como citado anteriormente, as técnicas de meditação estão sendo comprovadas cientificamente como sendo eficazes para aumentar o nosso controle emocional , e assim a nossa inteligência emocional.
Uma inteligência emocional bem desenvolvida é um diferencial para líderes. Como isso pode ser percebido?
A inteligência Emocional é uma competência fundamental para a liderança. Líderes que possuem um bom desenvolvimento dessa competência conseguem ter auto controle para lidar com os conflitos e também para motivar a sua equipe com o objetivo de se alcançar os desafios e metas.
O que um líder pode fazer para desenvolver inteligência emocional em uma equipe?
O autor Lencioni indica 5 desafios para se desenvolver uma equipe de alta performance:
1. Ausência de Confiança – os membros da equipe que não são genuinamente abertos uns com os outros, em relação a seus erros e pontos fracos, tornam impossível construir as bases para a confiança.
2. Medo do Conflito – as equipes nas quais não existe confiança são incapazes de se envolver no debate apaixonado e sem censura de ideias.
3. Falta de comprometimento – sem poder colocar abertamente suas opiniões durante o debate apaixonado e aberto, os membros da equipe raramente – se é que o fazem – aceitam as decisões e se comprometem com elas, ainda que finjam concordar durante as reuniões.
4. Evitar a responsabilidade – sem se comprometerem com um claro plano de ação, até as pessoas mais focadas e motivadas costumam hesitar na hora de chamar a atenção de seus colegas em relação a atitudes e comportamentos que parecem contraproducentes e afetam o bem estar da equipe.
5. Falta de atenção aos resultados – os membros da equipe colocam suas necessidades individuais (como ego, desenvolvimento de carreira ou reconhecimento), ou mesmo as necessidades de suas divisões, acima das metas coletivas da equipe.
Em que a inteligência emocional dos profissionais pode influenciar dentro da empresa?
A Inteligência Emocional contribui para um ambiente e cultura organizacional com maior harmonia e respeito às diferenças, através dos seguintes aspectos:
1. Reconhecer que o conflito é produtivo e obter o compromisso de todos em ficar com o conflito até que ele seja resolvido , ainda que haja uma sensação de incômodo.
2. Estímulo ao debate acalorado de idéias e não ataque à personalidade. O principal objetivo é encontrar a melhor solução possível no menor período de tempo. Quando os membros da equipe não debatem abertamente e discordam em relação a idéias importantes, costumam recorrer a ataques pessoais pelas costas, que são muito mais negativos e mais danosos do que qualquer discussão acalorada em cima de problemas específicos.
3. Colocar os pontos críticos na mesa para serem discutidos.